CARTA ABERTA AO FUTURO DAS MARCAS INTERGALÁCTICAS

Haverá um tempo em que vamos olhar para a Terra e dizer: foi ali que plantámos este lugar.

Nesse tempo, a relatividade das coisas será, na teoria, diferente. Provavelmente seremos os mesmos, uma massa humana igual à que sempre conhecemos, mas mais celestes. A velocidade da luz será diferente no confronto com a matéria negra, mas a nossa energia acabará por brilhar no universo.

Nesse lugar, a gravidade será outra, mas a palavra será a mesma. Seremos mais leves, mas, no êxodo de partirmos para o desconhecido, talvez sintamos o peso das coisas que ainda não o são.

Nesse outro tempo-lugar, as marcas serão, talvez, redutos de humanidade.

Continuarão a ser bússolas orientadoras de convicções profundas sobre as coisas, mas com um magnetismo diferente, porque teremos chão, mas não caminharemos sobre a Terra. Vão existir para nos orientarem em circum-navegações que vão levar-nos para outros nortes. Novos descobrimentos navegados com cartografias de sentidos diferentes, que preconizam uma nova esperança em novos mundos, com a mesma vontade de sempre: encontrar uma casa. 

Nesse outro tempo-lugar, as marcas serão, talvez, a linguagem universal do universo.

Entre estrelas, cometas, galáxias e planetas, as marcas, ao expressarem-se na sua alma e fisicalidade, conseguem reunir um conjunto de representações que, ainda que inicialmente abjectas para outras geografias espaciais, podem definir uma base comum de comunicação entre povos intergalácticos. E sempre que numa marca encontrarmos um caminho, esperança, loucura, cumplicidade ou indecisão, uma nova primavera acontece, mesmo que as flores sejam outras.

Nesse outro tempo-lugar, as marcas serão, talvez, hiper-evolucionistas.

Enquanto seres vivos, as marcas terão que se adaptar a viver no fôlego da falta de ar, a fazerem-se ouvir na ausência de som, a serem brecha na escuridão, a serem termómetro de temperaturas extremas. Adaptarem-se não chega, terão que ser contorcionistas, dançarem na poeira cósmica da mudança permanente e expandirem-se, nessa transformação, até ao infinito, como o universo.

Nesse outro tempo-lugar, as marcas serão poesia e economia, por esta ordem.

Das poucas certezas que temos, é que em todos os amanhãs intergalácticos, haja quantos sóis existirem, acordaremos para fazer nascer marcas com esta binomia que nos define há 38 anos. Na Terra ou além-céu, olharemos para elas como seres de esperança e de reconhecimento, e saberemos que conseguirão ultrapassar barreiras de tempo e espaço para serem tudo o que sonhamos que elas sejam.

Never stop dreaming.